Tuesday, March 9, 2010

Complexo de imigrante

O moço nasce e cresce sem se preocupar com o futuro. Na adolescência começa a sonhar. A menina do interior pensa num bom casamento; as mais dedicadas ao estudo pensam em ser professora. A vida começa a deixar de fazer sentido quando os problemas dos pais e as dificuldades até então camufladas pelos tempos de brincar, passam a assumir lugar de um monstro da realidade.
O migrante brasileiro, abrangendo várias idades, se translada à cidade grande como um peixe fora d’água, um corpo sem ligações culturais que façam sentido.
A família e as amizades, ficaram para traz. Em sua terra era conhecido, tinha nome; na metrópole é mais um tentando sobreviver e enviar algum dinheiro para quem ficara torcendo e orando por seu sucesso.

O tempo passa e sua base cultural se esvai. Seus amigos, possivelmente, passam ou passaram por experiência semelhantes. Muitos se tornam duros, insensíveis, vacinados. As meninas tem sorte pior, atacadas por propostas e encurraladas pelo senso de sobrevivência. Quando o dinheiro dura um pouco mais que o comum, uma viagem apressada de uma semana mata as saudades e põe em dia os assuntos por muito esquecidos. Como num túnel do tempo o migrante está de volta em seu passado. Ali fora tratado como filho da terra, gente amiga confiável e conhecida. Por algum tempo se esquece das humilhações que, por amor aos parentes e amigos, ou por vergonha de ter maculado a honra, esconde e omite, mudando de assunto se sua privacidade é ameaçada.

De volta à cidade gigantesca que o espera com sons e odores que há muito se entranharam em seu ser, tem uma estranha sensação – ele gosta dali. Foi bom ter voltado no tempo e espaço, rever a dona da quitanda, conversar com os amigos de infância, agora casados… mas um estranho sentimento lhe diz que ali, na selva de pedra, nos tumultos do trânsito, ele encontrou seu destino. Como um híbrido terá de encarar a realidade de sua mutação. Não é mais a mesma pessoa da cidadezinha; não se adaptaria naquela roça, nem se sente como os que nasceram na capital. Quem sou eu? Com muitos anos de desvantagem em relação aos nascidos ali, trabalho o dobro, para tirar a diferença.

Agora casado, com raízes se aprofundando, trazer os parentes para visitá-lo ou acolhê-los como agregados, se torna o fruto de tantas madrugadas divididas entre um trabalhinho extra e cochilos no ônibus, ao caminho de casa.
O híbrido descobre que não é híbrido, é na verdade como a maioria, nômades por natureza, seres humanos num cosmo dinâmico. A idéia de que os naturais daquela região são privilegiados é vaga. A maioria que conhece está na mesma situação dele. O sucesso ou fracasso não depende da origem, mas da garra com que encararam a vida. Na verdade ele descobre que nativos daquela terra têm as mesmas preocupações, no entanto suas dificuldades não podem ser atribuídas à migração, o que os tornam mais decepcionados e frustrados.

Nós, com a desculpa de sermos estrangeiros em terra estranha, temos um aliado psicológico atuante e poderoso. Como o migrante do interior, nós, os imigrantes brasileiros, somos a princípio um povo sem terra, descalçado de sua cultura, afligido por todos os lados, mas vitorioso e de garra. A facilidade que temos em ajeitar, improvisar, superar, adaptar, serve de catapulta que nos arremete ao trabalho como nunca experimentamos no Brasil. Quem já não disse: - Se você trabalhasse assim no Brasil, já estaria rico.

Estamos fazendo o que nossos antepassados fizeram. Ter coragem de desbravar um novo mundo e proporcionar aos nossos filhos um futuro que julgamos ser melhor. Nossas raízes, responsáveis pelo nosso calor, pelos valores de família, pela alegria irradiante, até em meio das auguras da vida, jamais serão perdidas. Aos que aqui estão temporariamente, recebem de nós, os que nos alicerçamos em solo americano, suporte e ajuda para armarem suas tendas.
Descobrimos, depois que a tempestade passa, que outros barcos, como o nosso, oriundos de todas as partes deste planeta, vagaram por um pouco à toa, mas norteados pelo mesmo altruísmo que um dia reunimos para enfrentar a fila, aquela fila que com nosso destino em suas mãos, brincou de mamãe mandou bater nessa daqui – Pode buscar seu Visto amanhã. O que era utopia foi descartado, a realidade brotou em forma de conquista e nossa comunidade, cada vez mais organizada e espalhada, é o nosso Brazil, menor, com menos recursos, mas tão brasileira – e às vezes até mais brasileira – quanto o nosso Brasil.

Dei Gratia!

A voz do Pastor

Jesus disse, se referindo ao Bom Pastor e ao seu rebanho: “…as ovelhas ouvem a sua voz… e elas o seguem porque lhe reconhecem a voz” (João 10:3a,4b).

Como podemos reconhecer a voz do Pastor Jesus? Quando oramos e buscamos uma resposta, ou uma direção, como podemos ter certeza de quais vozes são a do Senhor?

Você já tentou telefonar para algum conhecido e mudar sua voz? Quantas vezes isso dá certo? Algumas vezes. Muda o tom, o timbre, coloca um lenço no telefone, e aí o “trote” está armado. Se a pessoa é bem íntima, fica bem mais difícil. Tente modificar sua voz e telefonar para sua mãe… quase impossível. Agora tente telefonar para a mãe de um amigo seu e imite a voz desse amigo. Quantas vezes você conseguirá se passar por ele? Nenhuma.
É muito mais fácil alguém não reconhecer a sua voz do que você se fazer passar por outra pessoa.

É muito mais fácil você não reconhecer a voz de Deus do que o diabo lhe convencer de que Deus é quem está falando. Isso já é um consolo.
O fato de não sabermos reconhecer a voz do Senhor, todas as vezes que Ele fala conosco, é amenizado pelo fato de que todas as vezes que outras vozes falam ao nosso coração, com certeza sabemos que essas vozes não são a do Mestre. Ninguém, nenhum poder do mal, nem o próprio diabo, pode imitar a voz de Jesus. Se não sabemos quando o Senhor fala, pelo menos temos a certeza de quando o Senhor não fala.

As vozes do inimigo, mesmo camufladas, não nos confundem. Mas, voltando a nossa primeira pergunta, como podemos então reconhecer quando Deus fala?

Precisamos crer que Ele se comunica conosco. Muitos crêem que Deus está nos céus e nós aqui. Deus está aqui! O primeiro passo é crer que Ele se comunica conosco. Isso é possível, pode acontecer com todos os crentes, não somente os profetas, e é da vontade dEle que isso aconteça.

Paulo, falando sobre situações que passamos nas quais precisamos ouvir a direção de Deus, diz que antes de obtermos a resposta do Senhor, Ele nos dá esperança dessa resposta e que essa “ esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nossos corações” (Romanos 5:3-5). O segundo princípio é que quando Deus responde, sentimos esperança e temos muito amor a respeito do assunto.

O terceiro princípio é a presença de paz em nossos corações. “Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações” (Colossenses 3:15a). Quando Deus responde e fala conosco, sentimos paz sobre a situação. A presença da paz nos dá tranqüilidade, não ficamos preocupados nem ansiosos e dormimos bem. A paz é a convicção de que estamos nos braços do Senhor.

Nossa consciência é o próximo fator determinante.
“Cobiçais e nada tentes; matais e invejais e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tiago 4:2-3). Para reconhecermos a voz de Deus, precisamos calar a voz que mais se parece com a dEle. A voz de um filho ou de uma filha dEle – VOCÊ!
Se Satanás fala ao seu coração, facilmente reconhecemos de que essa não é a voz de Deus. Mas quando nosso próprio coração começa se justificar e tenta nos convencer que aquela deve ser a voz de Deus; quando a direção que estamos a escolher vai nos beneficiar somente; quando “deals”, negócios, começam a ser feitos com o Senhor; quando ajeitamos a Palavra de Deus à nossa desejada situação, então é hora de desconfiar da nossa intuição e checar se nossa consciência não está cauterizada, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá”? (Jeremias 17:9).

Deus fala e seus filhos e filhas quase não O ouvem. O temor é o volume do nosso receptor. Deus está falando muito baixinho e você quase não escuta? Aumente o volume, tenha temor de Deus.
“Ao homem que teme ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve escolher”(Salmo 25:12).

Deus está falando e Sua voz está confusa, com interferência? Melhore a sintonia. A intimidade e comunhão são a sintonia.

Deus não está falando ou você nunca O ouve? Ligue o receptor – Comece a orar!

Não entende muito bem de comunicação com Deus e não sabe qual o canal correto e qual estação sintonizar? Escolha Jesus!
Ele é o único locutor oficial de Deus!

Dei Gratia!

O sustento do missionário. A3

Há muitos anos atrás, quando ainda era sustentado como missionário pela ”Shady Grove Church” em Grand Prairie, Texas, no início da implantação da Comunidade Cristã Brasileira em Dallas, assisti à Conferência de Missões realizada todos os anos por esta igreja, onde se levantava o sustento para todos os missionários enviados ou sustentados por ela. Eu era um deles. Naquele ano, o alvo da igreja era me dar uma “van” além do sustento mensal em salário. O valor estipulado para a oferta que compraria a “van” foi de cinco mil dólares. A Igreja “Shady Grove” sempre fez um tipo de leilão de missionários que eu achava incrível. Dois pastores, Monty Smith e o missionário convidado Wayne Mayers, do “Christ For The Nations Institute” estavam apresentando os alvos de cada missionário, com projeções no telão. Numa conferência que durava três dias, os participantes, que geralmente também eram membros da igreja, levantavam, cada um per si, suas mãos, indicando quanto por mês se comprometiam em dar, via àquela igreja local, a cada projeto missionário. Esperei com amor o momento do meu projeto. Precisava de uma “van” para buscar brasileiros que não tinham carro, para o culto. Chegou a minha hora. Estava orando e crendo. Pareceu um milagre. Wayne Mayers perguntou se não havia alguém ali disposto a doar toda a quantia para a compra do carro. Uma mão se levantou. Uma pessoa votou toda a quantia. Meu alvo fora alcançado e o problema resolvido. Pura ilusão. O senhor que levantou a mão não cumpriu sua promessa. Fiquei sem carro e o prejuízo em tempo foi grande. Se aquela pessoa, muito bem intencionada, porém mal sucedida, não tivesse interferido, muitos membros votariam pequenas quantias e, mesmo com algumas desistências, eu teria uma grande parte das ofertas para o projeto missionário.

Quem não pode sustentar completamente, seja sincero, diga com quanto, e se houver limite de tempo, deixe claro. Cabe então ao pastor enviado calcular os riscos, pois circunstâncias virão onde ele precisará do sustento prometido e até de extra.

A igreja que envia deve entender que ao sair do convívio local, o obreiro deixa de ser membro, e passa a ser um missionário. Para ser membro, é necessário se fazer parte de um corpo local. Todos nós somos membros do Corpo de Cristo, porque este corpo habita localmente na terra e Jesus participa de toda a sua Igreja. Quando falamos a respeito de um corpo de igreja local, está implícito que são parte dele aqueles que localmente se congregam. Qualquer outra afiliação que não leve em conta a necessidade da participação física à “koinonia” da igreja, rebaixa a membresia ao status de sócio. O exemplo que Paulo nos dá do corpo humano se refere à Igreja, a Noiva de Cristo, da qual, independente de onde estivermos, somos parte integrante. A nível de igreja local, membros estão ligados àquela congregação.

A lealdade de um pastor enviado deve ser para com a sua igreja local no que tange à chamada, desenvolvimento do ministério, afiliação e visão local. Os compromissos assumidos com a igreja que o enviou devem deixar campo suficiente para que o pastor tenha poder de decisão quanto às direções dadas pelo Espírito Santo para a igreja no exterior.

Embora, com a economia brasileira lutando contra a prosperidade, a visita de representantes da igreja matriz ao campo missionário, trará muito apoio, carinho e encorajamento aos obreiros no exterior. Missionários americanos no estrangeiro, voltam aos Estados Unidos a cada cinco anos para um período de descanso e reciclagem, que

chamam de “furlough” . Muitos missionários brasileiros passam anos sem poder retornar ao Brasil para rever a família, amigos e a igreja que os estão sustentando, por razões puramente financeiras.

Existem casos, e não são poucos, onde não existe uma igreja para enviar. Missionários ligados à missões indenominacionais, ou interdenominacionais, tem nessas organizações a sua comunidade de santos. Se a submissão ministerial e desenvolvimento da vida cristã são feitas exclusivamente nessas entidades, então elas fazem o papel da igreja local. Elas são a igreja local desses pastores. Quando um missionário da JOCUM trabalha com uma igreja local, a autoridade sobre ele é a do pastor daquela congregação, enquanto ele ali servir. Porém, terminado o seu tempo naquele campo ou ministério, a autoridade latente do seu líder, na Missão, volta a atuar na benção do próximo envio, a não ser ele se desligue da Missão e se integre à igreja como obreiro. Nesse caso, enquanto o missionário pertence à Missão, ele pode ser membro da igreja, mas é missionário da JOCUM. Se ele se desliga da Missão e permanece na igreja, continua membro local e passa também a ser um missionário daquela igreja. Qual a diferença? Autoridade, visão e destino.

Quando o brasileiro vem para o estrangeiro e aqui se converte, cresce e decide se entregar ao ministério, não haverá igreja para enviá-lo. Ele já está aqui. Mesmo sem qualquer vínculo com igrejas brasileiras, ele deve procurar o apoio, a benção do envio, e estar debaixo da autoridade daquela igreja. Se houver posteriormente uma emancipação, ou por alguma outra razão um rompimento com a igreja matriz, é mister se procurar um corpo, uma igreja, uma convenção, outras igrejas, um “network” e sob um deles se posicionar como igreja local, mesmo que esta união não seja jurídica. Aliais, as uniões

que mais permanecem e crescem são as que tem as suas bases fora da letra e arraigadas no espírito.

Quando um missionário se encontra abandonado por sua igreja, e por muito tempo se posterga a solução do problema, o caos se instaura e o desespero rouba toda a paz e tranquilidade de se viver uma vida exemplar no campo missionário.

O missionário BJ, escreve desesperado buscando um ministério que o adote:

Que a Doce Paz de Jesucristo esteja com vocë.

Fiquei muito feliz com seu contato em días de intensas angústias. Antes de informar-lhe sobre o trabalho que venho fazendo aqui no Chile, ressalto alguns pontos onde os amados poderiam colaborar comigo. Estou no Chile há quase dois anos, fui abandonado por minha Igreja no Brasil, e estamos passando por um processo bem difícil no momento. Gostaria de saber, se existe a possibilidade de o amado irmäo conseguir uma Igreja ou um Ministério que possa adoptar-me?

Assumi uma Igreja na capital do Chile há 06 mëses com 09 pessoas, hoje estamos com 30 a 35 pessoas congragando em nossas reuniöes. A Igreja é (Nome da Igreja). Fazemos parte da (Nome da Convenção ou Junta Denominacional). Tenho fotos, se o irmäo se interessar, poderei enviar por e-mail. Estamos trabalhando no bairro mais PERIGOSO de Santiago, chamado “LA LÉGUA”. Deus está fazendo uma obra poderosa.

Meu único problema é a situacäo financeira. A vida no Chile é mui cara. A moeda chilena frente ao Real é muito forte. Necessito de U$ 550 dólares para viver como justo no Chile. Sou casado, tenho quatro filhos que me ajudam intensamente na Obra Missionária. Minha esposa chama-se: R, meus filhos: R, F, M e J. Tenho um filho adoptivo chileno que se chama E de 19 anos. Estava vivendo na rua, dormindo nas pracas e na praia. Deus cambiou sua vida. Está vivendo conosco há um ano e meio.

Orem por nós para que Deus possa nos ajudar a conseguirmos um sustento, para que näo voltemos ao Brasil. E necessitamos dessa decisäo até o fim de Março porque meus filhos tem que estudar, e ainda näo estäo estudando por näo termos condicöes de pagar as matrículas e comprar os materiais escolares. OREM POR ISSO! Saludos a todos ustedes. Vuestro siervo en Cristo, Missionário BJ.

O caso do irmão BJ é muito comum nos campos missionaries. Essa carta que recebemos por email foi em resposta a um convite para participação em uma Conferência Missionária. Seu desespero era tanto que ele desabafou quando sentiu a menos possibilidade de atenção. Às vezes o missionário entra em crise de chamada e até mesmo

desconfia se Deus está se importando com ele. Por receber um convite para uma conferência, seu coração recebeu um novo alento. A resposta que dei ao seu email foi literalmente seca.

Amado irmão BJ. Essa é a situação de inúmeros missionários. Estarei conversando com a direção de missões de nossa igreja para ver se a gente tem
alguma ideia. Uma das razões de nossa Conferência Missionária é justamente para tratar desses assuntos de missões no Brasil. Resumidamente, me fale de sua vida, chamada e preparo para o Campo Missionário. Qual foi a igreja que os enviou? Por que pararam o sustento? Em Cristo. Pr. Julio B. Pinto

Naquela tarde falei com o nosso departamento de missões e resolvemos ajudá-lo temporáriamente, enquanto levantaríamos sua história. Se a situação chegou a este ponto é porque houve falhas, e não poucas, na preparação e definições do ministério. Segue-se sua resposta, que narro para dar uma ideia dos sofrimentos que podem ser evitados com relacionamentos partidos, afiliações rompidas, senso de abandono e crises de baixa-estima.

Companheiro. Seu e-mail ascendeu uma nova chama de esperança. Eu estudei na Escola de Missiöes (nome da escola e da denominação) Sou credenciado na Secretaria Nacional de Missöes sob o n° 1566. Fiz estágio no Paraguai, onde nossa turma conseguiu ganhar para Jesus, 780 almas na cidade de Pedro Juan Caballero, fronteira com Mato Grosso.

Fui enviado pela Igreja tal, em tal cidade, pastor EM. Após a direção da igreja verem que Deus tinha me chamado, me enviaram a Estudar na Escola de Missões. Fiquei em regime interno, e minha Igreja me sustentou em tudo. Voltei e entäo começaram as lutas. Fiquei de 2000 a 2003 sendo interrogado, avaliado, etc. Fizemos um culto de envio para o campo, e viajei com minha família, sem recursos nenhum. Só tinha R$ 700 reais, para uma economia agressiva como a chilena. Mesmo assim, me prometeram ajudar, enviando sustento, etc. Mas a fé que eu tinha, era inabalável. E assim, temos vivido sem salário até o día de hoje. Voltei ao Brasil em Abril do ano passado, e novamente conversei com meu pastor e os obreiros, e renovei o acordo com eles.

Voltei para o Chile, em uma viagem de 04 días de onibus, com crise de rins, urinando sangue toda viagem. Cheguei em casa, fui direto para o hospital. No mës de julho do ano passado eles enviaram as passagens para eu voltar ao Brasil. Mas eu näo quis voltar, pelas coisas que Deus está fazendo em nossa igreja, e pela necessidade que essa nacäo tem de voltar-se para Deus. Estamos com as passagens em aberto, porém, como as coisas estäo, näo suportamos mais. Viver assim näo é possível!

Estamos sem auxílio Ministerial, Emocional, Psicológico, näo temos com quem nos desabafar, solicitar ajuda, pedir socorro. Minha esposa está desgastada, meus filhos estäo chocados com essa situacäo. Sem estudar, porque näo temos como pagar as matrículas nem comprar material. Minha esposa está um ano e sete meses sem fazer uma consulta médica (ginecológica), meus filhos sem ir ao dentista, sem roupas, calçados, etc. Eu creio que o irmäo pode imaginar nossa situacäo. Por outro lado a igreja está crescendo, avivada, estamos trabalhando com uma comunidade difícil, por causa das drogas, roubo, homicídio, tráfico, etc. O melhor de tudo é que Deus está respaldando. Seu amigo e servo. Pr. BJ Santiago – Chile.

Nossa igreja enviou uma oferta para as necessidades emergenciais e fez os contatos necessários com sua igreja de origem para tentar uma mediação. O Missionário BJ é uma ponta do “iceberg”. São incontáveis os testemunhos e pedidos de socorro. Essa situação triste se contrapõe àquelas onde a igreja ou junta enviadora segura a sua ponta da corda com bravura enquanto o missionário reune suas forças para alcançar aqueles que estão perdidos, sem esperança. A incerteza financeira no campo missionário constitui uma grande barreira ao ministério pastoral, missionário e administrativo dos enviados. Grande parte de seus esforços e estresse estão localizados nessa área.

Dei Gratia!

O poder de quem envia. A2

Se você pertence ou não a uma denominação, a única forma de se ser enviado é sendo enviado. Se a sua igreja ou denominação não concordar com a sua ida para qualquer campo missionário, seja no Brasil ou no exterior, você deverá acatar a decisão, pois esta é a prova de que você não ouviu direito a chamada e a ordem de Deus para o campo. Outra possibilidade seria o inverso deste fato. Os responsáveis pela direção missionária de sua igreja, ou os que tomam decisões nas juntas de missões denominacionais, não ouviram a voz de Deus, no que diz respeito à sua chamada. Em ambos os casos, partir sem resolver esta questão é se engasgar com água, ainda no trampolim.

O Deus que chama, comissiona, dá convicção, abre portas, faz milagres, distribui os dons necessários para o ministério, reveste de poder para as batalhas espirituais, abençoa tanto na saída quanto na entrada. A benção na saída é o seu envio. É essa autoridade da igreja impetrada sobre seu ministério e vida, que dará continuidade nas bençãos derramadas desde o primeiro raiar de sua chamada e que serão perenes através de cada degrau galgado, de cada batalha a ser enfrentada, trazendo glórias a Deus por cada guerra vencida. Toda situação em que a igreja local, ou a liderança hierárquica sob a qual o pastor ou missionário está subordinado, se opõe ao envio do obreiro ou obreira, desencadeia uma reação onde decisões sérias deverão ser tomadas. A liderança pode concordar com o envio, mas não naquele tempo. A liderança pode crer que esta é a hora correta , o “kairós” de Deus , mas não com de você. Quando isso acontece, é prova de que esse projeto não foi acompanhado de perto pela liderança, seja por descuido seu ou dela. Uma possível saída seria a sua transferência para uma igreja ou liderança que “tivesse a visão”. O problema aqui seriam os conflitos de interesse que poderiam mascarar as intenções dos dois lados, colocando ambos em risco. Você poderia também esperar em Deus com paciência, enquanto Ele tratasse com a liderança. Se não há esta possibilidade, um relacionamento com outra liderança que lhe dê apoio, pode ser a solução, desde que haja tempo suficiente para o seu entrosamento com a nova igreja.

Deus quer enviar mais obreiros. A obra da expansão do reino vai continuar crescendo. É inevitável o envio de mais missionários e a abertura de novas igrejas locais. Se você é parte deste plano, então seu envio está garantido. Alguma liderança madura, com visão missionária, temor à Deus, discernimento de espíritos e meios para envia-lo, cruzará o seu caminho, ou você o dela. O relacionamento entre o pastor e a igreja a qual pertence, deve ser como em um casamento, filhos virão, serão criados, crescerão e ao se casarem partirão. Nenhum pai ou mãe que ame a seus filhos, os prenderão para que não reproduzam. Peter Wagner um dia me disse que nenhum pai tem medo do sucesso dos filhos.

Uma vez resolvida a questão da benção a ser recebida em sua partida, comece com a liderança a programar o culto de despedida. Inclua no programa a conscientização de intercessores se comprometerem com você e com o seu ministério. Busque mais intercessores fora do âmbito de sua igreja local. Intercessão faz diferença. Você precisará dela, com certeza. Faça alvos tangíveis a serem alcançados. Escreva-os e distribua entre a igreja o seu projeto, bem antes do culto onde você será enviado. Dê tempo à congregação para absorver a sua visão, que também é a visão de sua igreja.

A igreja local é parte decisiva em muitas situações que você irá passar. Se ela irá lhe sustentar, programe claramente o seu orçamento. A idéia de sustentar um missionário por um determinado tempo é muito vaga. Um pastor enviado para um outro país, deve ser sustentado até conseguir sustento próprio em seu novo “habitat”. Uma das grandes causas de retorno ao Brasil ou de abandono ao ministério, é impasse entre o sustento da família e o amor pela obra, num país que, para dar os primeiros passos, o recém chegado tem que assumir compromissos financeiros que não podem ser resolvidos com jeitinhos.

No dia 11 de setembro de 2001, à hora em que aconteceu a tragédia no “World Trade Center” em Nova Iorque, eu estava com minha família, voltando aos Estados Unidos, em um vôo da “American Airlines” originário na França, já há duas horas sobre o Atlântico. O piloto recebeu ordens de retornar à Paris e ali ficamos “de castigo” por três dias, enquanto o espaço aéreo dos Estados Unidos permanecia fechado. Quando tentamos embarcar novamente, havia cerca de dois mil passageiros tentando a mesma coisa. Pensamos em ir para Madri, onde poderia esperar sem pressa, e sem pagar hotel, pois o pastor Afonso Cherene, lider nacional da JOCUM na Espanha, é meu parente. Do aeroporto de Paris liguei para Afonso e ele me perguntou, quando vocês vem? Eu disse, agora. Naquela tarde desembarquei em Madri com minha esposa Cleide e três das filhas, Raquel, Elizabeth e Suzana. A primeira frase que Afonso me disse foi: “Não há coincidências no reino de Deus. Creio que precisamos compartilhar”.

Uma das histórias que ele me contou, cortou o meu coração. Soube que um pastor brasileiro e sua esposa deixaram o Brasil, sob a benção e sustento de sua igreja, e foram para o norte da Espanha, em uma região denominada país Basco, que também inclui o sudoeste da França. A língua basca é uma das mais difíceis de se aprender. O ministério daquele pastor era trancultural. Eles estariam iniciando uma igreja entre os bascos, enfrentando a dificuldade da língua e decidindo viver entre um povo cuja história é violenta. O grupo terrorista, ou separatista, ou político, ETA é oriundo daquela região. O pastor tinha quarenta e quatro anos quando ali chegou. Não era neófito, foi com sua família e o trabalho começou a prosperar e chegou a 30 membros. Neste tempo, recebeu uma carta da sua igreja no Brasil dizendo que a partir daquela data o seu sustento iria diminuir e que a igreja basca deveria assumir as despesas com o próprio pastor. O pastor começou a gastar tempo com trabalho secular, a esposa também, a igreja começou a diminuir e em algum tempo fechou. O pastor, frustrado, voltou ao Brasil.

Muitas vezes, quando um pastor vem para uma igreja já em desenvolvimento, o sustento ainda necessita ser enviado pela igreja de origem. Somente o pastor enviado e a igreja na qual ele agora serve, é que terão uma palavra real quanto a transferência ou ao término do sustento vindo da igreja que o enviou. Um aborto nesse processo pode resultar em muitas tribulações à igreja que está sendo implantada, às famílias envolvidas nessa igreja, ou até mesmo na volta do pastor enviado. Se uma igreja local não tem condições financeiras de enviar, contenha-se. Cresça e tenha condições, aí então envie, ou faça parceria com outras igrejas para completar o sustento. No caso do envio ser feito por uma junta denominacional este problema geralmente não acontece. A responsabilidade de segurar a corda é de quem está em cima, na boca do poço. Aquele que desce é o que solta a corda quando seus pés já podem tocar o fundo. Aquele que na boca da cisterna, abre a mão e deixa a corda cair, sem permitir o devido preparo e tempo para o que desceu se posicionar com segurança, não entende de poço, não entende de corda, não tem a mínima idéia do que é descer ao fundo. Não sabe que quem desce o faz para trazer aqueles que lá estão, sem esperança, sem Cristo, sem salvação. Além de não terminar o que começou, atrapalha aquele que desceu em dois aspectos. O pastor enviado ao exterior, confiado nas promessas e suporte da igreja local, poderia estar desenvolvendo seu ministério com grande sucesso no seu próprio país, ou ter sido enviado por outra igreja. Já no campo em que ele está, sua situação precária, por falta de apoio da igreja que o enviara, traz grande pressão sobre os novos convertidos, principalmente se estivermos falando dos Estados Unidos, e se os membros da igreja são brasileiros imigrantes de baixa renda.

Dei Gratia!

A vinda de um pastor para os Estados Unidos. A1

O tráfego aéreo internacional é tão intenso em nossos dias que existe literalmente uma enorme população em constante movimento. Se acrescentarmos os outros meios de transporte, a decisão de se viajar para um outro país se torna cada vez mais simples, a medida que mais companhias aéreas vão surgindo e as atuais aumentam suas frotas e novas rotas. Nos anos 80, grandes companhias aéreas começaram a construir aeroportos próprios como núcleos de conexões, possibilitando um aumento exponencial de novos vôos. Pensando em meu bisavô, quantas dificuldades devem tê-lo afligido ao planejar e executar sua vinda para Nova Iorque, em 1864, onde estudou e concluiu seu curso de Engenharia Civil. Hoje, os meios de transporte e de comunicação nos fazem habitantes do mundo. Os menores problemas a serem resolvidos são relativos à viagem.

“Pois, qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançados os alicerces e não a podendo acabar, todos que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar” (Lucas 14:28-30).

A vinda de um pastor para os Estados Unidos deve ser precedida de um completo planejamento. Pastores que se aventuram sem o devido preparo, pesquisa, contato e um plano piloto, estão destinados a rodar em círculos, perderem preciosas oportunidades, voltarem ao Brasil derrotados e, infelizmente o que mais acontece, serem pedra de tropeço àqueles que são mais fracos na fé. Quando me refiro à pesquisa e preparo, não estou sugerindo uma extensa pesquisa ou a necessidade de se falar inglês fluentemente, principalmente se o pastor vem aos Estados Unidos com o objetivo de implantar uma igreja entre a comunidade brasileira ou hispana.

As bases para um campo missionário de sucesso já devem estar alicerçadas, antes de iniciarmos a implantação da igreja no exterior. Se nosso trabalho fosse no Brasil, as dificuldades seriam menores e, no caso de um insucesso, poderíamos nos relocar com certa facilidade. No Brasil conhecemos a cultura, temos mais amigos e parentes, falamos a mesma língua, e no caso de evangelização para implantação de uma nova igreja, todos em volta são alvos. Em um outro artigo, “Implantando uma Igreja Brasileira” , discorreremos sobre a dificuldade de se alcançar uma população esparsa e como criar mecanismos de aglutinação.

O princípio básico para a saída de um pastor do Brasil, principalmente se ele vier com a sua família, ou tenciona trazê-la posteriormente, é a certeza da chamada de Deus. Em países de primeiro mundo, sejam os Estados Unidos, o Japão ou os da Europa, a idéia de um mar de rosas é utópica. A realidade é que os Estados Unidos e alguns países da Europa já vivem uma era pós-cristã há várias décadas. Evangelizar aqui é muito mais difícil que no Brasil. Mesmo que a evangelização se dê entre os brasileiros aqui residentes, notamos que esse grupo já adquiriu uma cultura singular, híbrida, meio americana, meio brasileira. Ganhar brasileiros que já estão no exterior há algum tempo, requer um bom conhecimento dessa nova cultura. Países como o Japão, mesmo que o campo missionário seja entre brasileiros, têm mais particularidades a serem abordadas. Sair do Brasil para ter um ministério mais abençoado financeiramente e com isso poder fazer a obra de Deus com mais desenvoltura, é uma falsa linha de partida.

Nossa experiência tem mostrado que os Estados Unidos têm secado vocações. Fizemos uma pesquisa em Dallas quando alí havia 4 igrejas brasileiras. Nessa época encontramos 32 pastores brasileiros. A maior parte deles trabalhando secularmente sem se envolverem sequer em outras igrejas locais, sejam brasileiras, hispanas ou americanas.

A chamada de Deus é essencial. Deus chamou Abraão e o enviou a uma terra estranha. O apóstolo Paulo foi chamado e enviado como o apóstolo aos gentios. Em uma visão, Paulo vê um varão macedônico rogando-lhe que passasse à Macedônia e os ajudassem. Paulo concluiu que Deus o havia chamado para lhes pregar o evangelho. Paulo por duas vezes tentou ir à Tessalônica, mas foi barrado por Satanás. (Gn 12:1, Rm 11:13, At 16:9-10, I Ts 2:12). A certeza de uma chamada irá fortalecer o obreiro nos momentos de luta. “Se Deus é por nós, quem será contra nós” (Romanos 8:31b). Deus é por nós quando estamos trilhando os caminhos que Ele traçou para que neles labutássemos. Deus sempre irá abençoar, de alguma forma, quaisquer atividades que contribuam para a expansão do seu Reino, inclusive quando estamos pregando o evangelho onde Ele não nos enviou. Paulo diz “Todavia que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijarei” (Filipenses 1:18). A chamada é a certeza da vitória. A chamada de Deus é a realidade em face às circunstâncias opostas. “Não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas” (II Coríntios 4:18).

O “Ide” por todo o mundo, se aplica à Igreja. “Sereis” minhas testemunhas até aos confins da terra, também está no plural. A igreja tem ido, os pastores porém, não podem ir, a menos que sejam enviados, por Deus e pela Igreja. “Como, porém invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam cousas boas” (Romanos 10:14-15). Cada cristão tem uma comissão. Pedro era apóstolo, mas não foi chamado por Deus para o mesmo campo missionário que Paulo fora. A presença de Pedro era e foi dispensável no campo missionário do apóstolo Paulo. Muitos pastores, sem chamada específica de Deus para campos missionários, são dispensáveis. Na verdade o que eles fazem é vacinar o povo contra o evangelho, tornando o trabalho daqueles que Deus comissionou para esses campos muito mais árduo. Melhor fora que nunca tivessem ido.

Deus tem uma chamada para cada pastor, para cada missionário. Na dúvida, não ultrapasse. Vai chegar o dia de Deus em que cada um estará pronto para partir aos campos que já estão, há muito, brancos para a ceifa. Marcos foi rejeitado por Paulo, no início de seu ministério, porém solicitado com elogios em seu devido tempo. Tenha certeza da sua chamada. A convicção da chamada é tal qual a certeza de salvação. Não se explica, não se ensina, não pode ser produzida. É ato soberano de Deus e ultrapassa nossas capacidades de bloqueio. Podemos até rejeitá-la, fugir dela como Jonas o fez, mas jamais dizer que não a sentimos, pois é a própria razão da nossa permanência aqui na terra. A nossa chamada traz todas as respostas. Se este já é o seu caso, se sua chamada já é uma realidade, então precisamos tratar de um assunto muito importante, “O poder de quem envia”.

Dei Gratia!

Graça e Paz!

Bem vindos ao meu Blog.

A troca de conhecimento e inspiração possibilitou nosso caminhar como Igreja até aqui. Ver o mundo pelo prisma de Deus é uma árdua tarefa. A nossa própria natureza encontra todo suporte no mundo para nos afastar do Caminho. Temos somente uma aliada, a fé. Quando compartilhamos o que cremos e mesclamos nossas inspirações com as de nossos iguais, a multiforme sabedoria de Deus se revela mais acuradamente e a todos enleva. Viver de fé em fé é possível nAquele que implantou essa medida em nós, e, mesmo que esta seja do tamanho de um grão de mostarda, Ele tem nos ajudado a desenvolvê-la efetuando o nosso querer e completando sua obra, nós! Sempre foi assim, e o será conosco também. Espero desfrutar de bons momentos com aqueles que prezam por bons assuntos.

Dei Gratia!